O Velho e o Moço

Deixo tudo assim
Não me importo em ver a idade em mim
Ouço o que convém
Eu gosto é do gasto

Sei do incômodo e ela tem razão
Quando vem dizer, que eu preciso sim
De todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro a voltar
Pra mudar o que eu fiz
Quem então agora eu seria?

Ahh, tanto faz
E o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar
Mas eu quem será?

Deixo tudo assim, não me acanho em ver
vaidade em mim
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.

Sei do escândalo e eles têm razão
Quando vem dizer que eu não sei medir
nem tempo e nem medo

E se eu for o primeiro?
A prever e poder desistir
do que for dar errado

Ahhh
olha, se não sou eu
quem mais vai decidir
o que é bom pra mim?
Dispenso a previsão

Ahhh, se o que eu sou
É também o que eu escolhi ser
aceito a condição

Vou levando assim
Que o acaso é amigo do meu coração
Quando falo comigo, quando eu sei ouvir.

Rodrigo Amarante

Semibreve - Um Até Logo em Dó Maior

Não deve ser nenhum atrevimento dizer que a música é uma porção terapêutica para o ser humano. Ela faz bem ao corpo, mente e alma, isso de acordo com o devido fim que se dá a ela e com a necessidade que cada qual a escuta. Ela move tanto as pessoas que alguns se sentem na condição de fazer algo recíproco a ela. Estes nada mais são do que filhos da música. Quem nasce com toda a disponibilidade sonora deve sim ir em busca do aperfeiçoamento assim como é comum para qualquer outra tendência vocativa natural. E de repente é essa entrega, essa dependência, essa vontade e talento que serão determinantes para, um dia, se chegar a certeza de que se fez algo realmente útil para si e, quiçá, para os outros. A música pode incitar diferentes estados humanos. E quando um jovem, por exemplo, se afasta de uma situação teoricamente confortável de já ser aluno de um curso em uma universidade federal e ter um estágio garantido para provocar uma revolução em sua vida tentando suprir a realização de uma vontade fixa em sua mente e coração, com certeza a trilha sonora de sua vida é bem típica de filmes de aventura moderna. A maioria destes filmes que vi tem uma bela história e pode-se acreditar que o capítulo do filme de Maycon de Souza Lima que será gravado em sua terra natal, São Paulo, além de uma boa história, também poderia concorrer tranquilamente ao Oscar de Melhor Trilha Sonora.


"A boa música nunca se engana, e vai direita, buscar ao
fundo da alma o desgosto que nunca devora."
Stendhal – escritor francês

Universo Paralelo

A frase do post anterior:

"Estamos todos no mesmo universo".

se refere ao meio físico.


Mas mando um abração para os internautas do outro tipo de Universo Paralelo (ou realidade secundária): Míope sem óculos e toda a galera do Scracho.

(iehaiuaeheai)

De ontem em diante

Verei mais vezes o retilíneo horizonte marítimo realizar a inversão do fenômeno da aurora porque no profundo o oceano sabe a responsabilidade que tem de despertar os seres iníquos da Terra.
Mas ainda assim ele, em toda a sua nobreza, o faz sem intenções de permuta. Logo ele, gelado em si e escuro em seus desígnios. Ele mesmo serve de espelho para as vaidosas estrelas.
Incessantes damas luxuosas que ostentam um brilho único que apenas o ambiente noturno arraigado à claridade lunar é digno de adornar a festa daquelas que são invejadas por suas luzes ímpares.
Luzes essas que não podem jamais ser comparadas com a do nosso anfitrião. A saber: o Sol. De forma única ele lidera as demais estrelas, favorece a lua em sua formosura e faz do oceano o seu grande cenário para suas resplendorosas manobras diárias.

De ontem em diante me farei sensível à todos estes, e à todos aqueles. À todos eles que fazem parte do meu dia e que por cegueira social eu não os enxergo.
Estamos todos no mesmo universo.

Pesadelo do Jovem Alienista

¹
É bem verdade que tem-se tudo por relativo.
Embora se esforce para ser absoluto, vira e mexe questiona soluções para algo ainda não explicado, algo que foi completamente trocado em excelência pela vil confusão.
Tem cobiçado valores alheios até certo ponto. Ponto este em que, por bom senso, avalia pela óptica na qual foi orientado durante toda a sua vida. Mas não há razão lógica em se fazer uma coisa considerada certa se um mundo de pessoas que o cerca enxerga que a confusão não está naquilo que ele julga por assim ser, mas a insanidade habita o desprezado e trêmulo interior do juiz de si mesmo.
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²
[_Pois bem, meritíssimo abastado em pseudo propriedade de si; tu que é sábio, esclarecido e autoproclamado Rei (dos trouxas): que farás agora que viste que onde parecia estar verde, está seco, e onde parecia irrelevante, suspira por vida?

_...

_Como todos imaginavam.
]

[sonho]
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³
Aos Rubiões, aos Bacamartes, aos pacientes, aos de Kafka e aos de Machado.

Por algum motivo os escrevo, de certo que nem mesmo eu, o autor destes traços morfológicos, sei ao certo o porquê de lhes tomar precioso tempo.
Os amigos me desculpem pela petulância, mas os senhores são aqueles dos quais mais estimo e muito tenho aprendido.
Pela manhã irei até a capital. Anseio avistar alguns dos senhores.

Passar bem;
O Jovem Alienista.
...................................................................


¹A primeira parte é um desabafo em forma de autoavaliação crítica por parte do Jovem Alienista.
²A segunda parte é um pesadelo que teve no qual sua própria consciência culpada o interroga.
³O Jovem Alienista supões um reencontro com alguns de seus amigos para colocarem os assuntos em dia.

O sertão do tempo

Eu paro por um minuto.
Mas há dias em que o tempo parece muito relativo. Tá... relativo mais que o comum. Alguns anos cabem em alguns segundos e a sensação é de que já estou bem mais velho.
Infelizmente isto me é familiar. É provocado pela inércia de ter amigos, um violão, canções escritas e não ter um pingo de iniciativa para se viver a jovialidade. Antigamente costumava-se viver bem com pouco. Isso porque se entendia que o pouco poderia ser muito e para isso bastava utilizar o prisma da boa vontade.
Hoje, com vinte anos, sinto que Ben Button sentiria pena de mim.
O acaso está brigado comigo e a previsibilidade é o que me certa por todos os lados.
No sertão de chatice, convivo com a seca de aventuras e, como diz o poeta, não sou eu quem mato o tempo; é ele quem está me consumindo e me matando.
Ainda tenho tempo para virar o relógio de areia. E é bom que ele não se quebre e enterre boas e divertidas histórias que meus netos gostariam de ouvir.

Cidadão Utópico - upgrade

É só o que me resta.

Mudar o visual de uma ferramenta que antes me parecia útil e que hoje é ofuscada por elementos mais compatíveis com o ativismo do ser humano.
Política, curiosidade, o atual, o sim e o não, nada mais importa.
Agora o que move este espaço volátil de ideias é o prazer de escrever.

O que me resta?
O que me resta é fechar os olhos, respirar fundo e, quando ousar escrever, o fazer como se eu ainda não soubesse o que acontece quando se deixa ser levado pelas palavras.